Especial Primeira Guerra Mundial




Há quase que exatamente um século, em 1º de agosto de 1914 a Alemanha imperialista declarou guerra à Rússia e atacou massivamente a França dando início aquela que seria conhecida como a Grande Guerra. O saldo do conflito até então inédito foi mais de 10 milhões de mortos e 20 milhões de feridos, sem contar com os outros milhões de civis assim como 3 milhões de viúvas e 6 milhões de órfãos.

Para relembrar um dos eventos mais importantes e dramáticos da humanidade foram produzidos diversos filmes, minisséries, documentários, livros e artigos sobre o assunto. Para aqueles que se interessam pelo assunto este é um ótimo momento para se aprofundar um pouco na História das mais diversas e inteligentes maneiras.



Livros
Há, sem a menor dúvida, um grande número de livros que retratam os acontecimentos dos anos de 1914 até 1918 e alguns dos mais renomados são:



Título: Catástrofe 
Editora: Intrínseca
Autor: Max Hastings
Nº de páginas: 672
Sinopse: Em 1914, a Europa mergulhou num conflito sem precedentes. A Primeira Guerra Mundial desfez impérios, aniquilou dinastias e transformou toda a geopolítica do Velho Mundo, marcando de fato o início do século XX. Cem anos após a eclosão da “guerra para acabar com todas as guerras”, Max Hastings examina as causas que conduziram ao início das hostilidades e acompanha as agruras de incontáveis homens e mulheres durante os primeiros meses de luta. 
Em Catástrofe — 1914: a Europa vai à guerra, Hastings relata como, após o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand, as relações diplomáticas se degeneraram e os países europeus lançaram-se numa calamidade que deixaria um saldo de milhões de mortos. O autor explora detalhes da realidade da guerra pelos olhos de estadistas, aristocratas, soldados e camponeses, oferecendo uma análise brilhante das decisões de líderes políticos e militares e pintando um retrato vívido do começo do conflito. 




Título: Queda de Gigantes
Editora: Arqueiro
Autor: Ken Follet
Nº de páginas: 912
Sinopse: Queda de gigantes é o novo épico de Ken Follett. O primeiro romance desta trilogia segue o destino de cinco famílias durante a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa. Aos 13 anos de idade, Billy Williams entra em um mundo de homens nos poços de mineração da Gália. Gus Dewar, um estudante de direito norte-americano sem sorte no amor, encontra uma carreira nova e surpreendente. Dois irmãos órfãos russos, Grigori e Lev Peshkov, embarcam em caminhos radicalmente diferentes separados por metade do mundo quando seus planos de emigrar para os Estados Unidos falham por causa da guerra e da revolução. Estes e muitos outros personagens têm suas vidas intimamente entrelaçadas em uma saga que se desdobra em drama intrigante e complexo. Queda de gigantes vai de Washington à São Petersburgo, da sujeira e do perigo de uma mina de carvão aos candelabros brilhantes de um palácio, dos corredores do poder para os quartos dos poderosos. Como sempre acontece com Ken Follett, o contexto histórico pesquisado é brilhante e a ação processada em movimentos rápidos. Os personagens são ricos em nuances e emoção. Está nascendo um novo clássico.




Título: Nada de Novo no Front
Editora: L&PM
Autor: Erich Maria Remarque
Nº de páginas: 226
Sinopse: Um libelo pacifista, Nada de Novo no Front é uma das mais belas obras da literatura do entre guerras. Erich Maria Remarque trabalha com as suas próprias experiências como um jovem soldado alemão, insuflado pelo nacionalismo chauvinista de professores e oficiais para ver que, diante da dura realidade da guerra, só pode se acreditar em seus companheiros. O primeiro livro da trilogia contemplada por "De regresso" e "Os três camaradas", revelando uma geração inteira esfacelada pela guerra e que se recusa a aceitar o sombrio militarismo nazista que está por vir.









Título: Os Sonâmbulos
Editora: Companhia das Letras
Autor: Christopher Clarck
Nº de páginas: 680
Sinopse: O assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando e de sua mulher pelo separatista bósnio Gavrilo Princip foi certamente um dos atos individuais de maior repercussão da história moderna. Atentado terrorista de eficiência impressionante, que ao final atingiu todos os seus objetivos - liberou a Bósnia da dominação dos Habsburgo e criou uma Sérvia forte -, culminou ainda na queda de quatro grandes impérios, na morte de milhões de homens e na efetiva destruição de uma ordem mundial. O que fez uma Europa aparentemente próspera e pacífica tão vulnerável ao impacto desse crime? Baseado em vasta pesquisa e documentos inéditos, o professor da Universidade de Cambridge Christopher Clark procura reconstruir esse contexto, esclarecendo, enfim, um dos momentos mais controvertidos e mal compreendidos da história. Numa narrativa transbordante de ação, Clark propõe uma nova abordagem do primeiro conflito bélico a assumir dimensões globais. Em vez de narrar estratégias militares, batalhas ou atrocidades do front, escolhe esmiuçar a complexa rede de eventos, interesses e frágeis equilíbrios de força que levou um grupo de líderes políticos, em geral bem intencionados, a decisões desastrosas, que culminaram numa guerra de violência inaudita. Sem perder de perspectiva a história de longa duração, Clark acompanha, a partir dos centros nervosos de decisão em Viena, Berlim, São Petersburgo, Paris, Londres e Belgrado, quase minuto a minuto, os eventos-chave para a eclosão do conflito, e compõe um panorama das leituras equivocadas e sinais mal compreendidos que em poucas semanas detonou o conflito.




Filmes
Sem Novidade no Front : PosterTítulo: Nada de Novo no Front
Título Original: All Quiet on the Western Front
Ano: 1930
Direção: Lewis Milestone
Sinopse: Um grupo de jovens alemães é convencido por um professor a se alistar no exército. Eles ficam muito entusiasmados com a ideia de lutar por seu país durante a Primeira Guerra Mundial, pois parece uma chance de viver novas experiências e provar para a sociedade o quanto são corajosos e patriotas. Paul (Lew Ayres) é um dos mais animados, porém, ao chegar no front o rapaz percebe que não há nada de honroso em matar seres humanos. Assim, a guerra transforma aqueles jovens idealistas em pessoas marcadas pelo horror.










Título: Carlitos nas Trincheiras
Título Original: Shoulder Arms
Ano: 1918
Direção: Charles Chaplin
Sinopse: O filme se passa na França, durante a primeira guerra mundial. Chaplin faz um recruta que vira um herói e é convocado para uma perigosa missão que se localiza nas linhas inimigas. Isso seria bom, se tudo não passasse de um sonho.













Feliz Natal : posterTítulo: Feliz Natal
Título Original: Joyeux Noel
Direção: Christian Carion
Ano: 2005
Sinopse: Enquanto a neve e presentes da família e do exército ocupam as trincheiras francesas, escocesas e alemãs, o Natal de 1914 acontece em plena 1ª Guerra Mundial. Durante a noite os soldados saem de suas trincheiras, deixam seus rifles de lado e apertam as mãos do inimigo ao confraternizar o Natal. Indicado ao Oscar e Globo de Ouro de filme estrangeiro.












Reds : poster
Título: Reds
Ano: 1981
Direção: Warren Beatty
Sinopse: Pouco antes da Primeira Guerra Mundial, John Reed (Warren Beatty), um jornalista americano, conhece Louise Bryant (Diane Keaton), mulher casada que larga o marido para ficar com ele e se torna uma importante feminista. Os dois se envolvem em disputas políticas e trabalhistas nos Estados Unidos e vão para a Rússia a tempo de participarem da Revolução de outubro de 1917, quando os comunistas assumiram o poder. Este acontecimento inspira o casal, que volta à América esperando liderar uma revolução semelhante.










Minisséries

37 Days

37 Days é uma minissérie em três episódios que narram os dias que precederam a 1ª Guerra Mundial. 
A história acompanha personagens que transitam pelos corredores do Parlamento britânico e do governo alemão em uma tentativa de evitar a primeira guerra mundial. A trama inicia com o assassinato do Príncipe da Áustria, Franz Ferdinand, no dia 28 de junho de 1914; e terminará com a declaração de guerra do governo britânico à Alemanha, no dia 4 de agosto do mesmo ano.



Trailer






Our World War

Inspirada em depoimentos de soldados que lutaram na guerra, deixados em cartas, testemunhos e entrevistas, a história traz uma narrativa documental para apresentar a trajetória de um pelotão britânico na linha de frente. Escrita por Joe Barton (Beaver Falls), a minissérie tem início duas semanas após a declaração de guerra, em agosto de 1914. O 4º Batalhão de Fuzileiros enfrenta na Bélgica o poder bélico alemão.


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Livros #133 - Eu amo Hollywood

Título: Eu amo Hollywood
Editora: Fundamento
Autor: Lindsey Kelk
Número de páginas: 296
Sinopse: Você não sabe que o que dizem no jornal de hoje estará embrulhando peixe no mercado amanhã? Depois de fugir de seu ex-noivo e ir parar na vibrante New York, a inglesa Angela Clark está convencida de que finalmente encontrou seu lugar no mundo. Fez novos amigos - entre eles a antenada Jenny -, tem o emprego dos sonhos na badalada revista The Look e está perdidamente apaixonada por Alex, seu namorado supersexy. Mas tudo vira de cabeça para baixo quando vai a Hollywood entrevistar James Jacobs, um ator lindo de morrer. Em meio ao glamour dessa ensolarada cidade e das compras na Rodeo Drive, Angela logo descobre que a vida de celebridade não é nada fácil. A reputação de conquistador de James coloca Angela em apuros quando os dois são fotografados por um paparazzo numa situação um tanto "comprometedora". De repente Angela se torna o centro das atenções! Mas será que essa inglesinha atrapalhada conseguirá convencer seus amigos - e principalmente sua chefe e seu namorado - de que tudo não passou de um mal-entendido? Confira as aventuras de Angela em Eu Amo Hollywood!




Lindsey Kelk é uma escritora britânica e editora de livros infantis. Quando ela não está escrevendo, lendo, ouvindo música ou assistindo TV mais do que necessário, Lindsey gosta de visitar lojas de sapatos e julgar os sapatos dos outros. Ela já teve nove romances publicados, e um e-book. Vive atualmente em Brooklyn, Nova York.

Eu amo Hollywood é o segundo volume da série I Heart. Após um término de um relacionamento e a mudança para outro país (New York) a vida de Angela mudou completamente. Um emprego que sempre quis e um namorado perfeito.... e para ficar melhor, recebe uma oportunidade ótima de sua chefe: entrevistar um dos atores mais lindos do momento em Hollywood, James Jacobs.

"Desde o segundo em que pusemos o pé para fora do aeroporto, ficou completamente óbvio que a Califórnia seria muito diferente de New York. Quando chegamos à estrada, eu mal podia acreditar que estávamos no mesmo país. A cidade era ampla, os carros circulavam pelas ruas com as capotas abertas, os arranha-céus do centro cintilavam a distância em vez de estarem constantemente nos pressionando e, pelo amor de Deus, ainda havia o sol."

Mas o que parecia um sonho, se torna em uma grande confusão. Angela acaba sendo fotografada com James em uma situação nada agradável. Como explicar que nada é o que parece para sua chefe e seu namorado? Em uma continuação com muitas aventuras e confusões, Angela precisa salvar sua carreira e sua vida amorosa. E tudo poderia ser explicado facilmente contando o grande segredo de James, mas o grande astro de Hollywood está disposto a não deixar isso acontecer. 

A leitura de Eu amo Hollywood é tão agradável e empolgante quanto a primeira. A personagem principal continua com as suas confusões e situações super divertidas. Os personagens secundários fazem toda a diferença e possuem seus momentos, todos são essenciais para o desenvolvimento. A escrita de Lindsey segue o mesmo estilo, garantindo boas risadas e prendendo a atenção do leitor até a última página. Recomendo!

“New York era tão alta e compacta, uma lasquinha de ilha, respirando e crescendo cada vez mais para o alto, como se estivesse erguendo a mão para mostrar ao mundo que existia. New York me fazia andar depressa, me fazia querer ser o tempo todo alta e cintilante como os arranha-céus. Mesmo com todo o glamour e as celebridades, Los Angeles era mais como uma cidade que soltou a respiração, chutou os sapatos e abriu a janela. Os prédios aqui eram um pouco mais baixos, mais desbotados pelo sol e mais distantes uns dos outros, não empilhados uns contra os outros em uma corrida até as nuvens. Era uma cidade tão segura de si que não precisava brigar por atenção. Além do mais, era tão ensolarada e quente, por que não relaxar um pouco?”


Série Eu amo/I Heart
- Eu amo New York (I Heart, #1)
- Eu amo Hollywood (I Heart #2)
- Eu amo Paris (I Heart #3)
- I Heart Vegas (I Heart #4)
- I Heart London (I Heart #5)
- I Heart Christmas (I Heart #6)

Livros #132 - Passarinha

Título: Passarinha 
Editora: Valentina 
Autor: Kathryn Erskine 
Número de páginas: 224 
Sinopse: No mundo de Caitlin tudo é preto ou branco. As coisas são boas ou más. Qualquer coisa no meio do caminho é confuso. Essa é a máxima que o irmão mais velho de Caitlin sempre repetiu. Mas agora Devon está morto e o pai não está ajudando em nada. Caitlin quer acabar com isso, mas como uma menina de onze anos de idade, com síndrome de Asperger ela não sabe como. Quando ela lê a definição de encerramento ela percebe que é o que ela precisa. Em sua busca por ele, Caitlin descobre que nem tudo é preto ou branco, o mundo está cheio de cores, confuso e bonito.








Como residente do estado da Virgínia, Kathryn Erskine ficou profundamente abalada com o massacre da Virginia Tech University, em 2007. Na esteira da tragédia, Kathryn imaginou como poderia entrelaçar o tema da violência na juventude, seu impacto sobre a comunidade e as famílias, e o mundo de uma criança com necessidades especiais, numa tentativa de avaliar o quanto nossas vidas poderiam ser diferentes se compreendêssemos melhor uns aos outros. Ao escrever Passarinha, que narra a história de uma menina autista, ela própria penetrou nesse delicado universo, para, como Caitlin, nos oferecer algo bom e forte e bonito.

A síndrome de Asperger é frequentemente considerada uma forma altamente funcional de autismo. Pode levar à dificuldade de interagir socialmente, comportamentos repetitivos e falta de jeito. A principal diferença entre a síndrome de Asperger e o transtorno autista é que a criança com a síndrome não tem atrasos na fala ou cognitivos. Embora indivíduos com síndrome de Asperger freqüentemente tenham dificuldade em termos sociais, muitos têm inteligência acima da média.

"FiNESse?
Isso. 
Gostei dessa palavra. O que quer dizer? 
Fazer uma coisa com tato e habilidade ao lidar com uma situação difícil. 
Fico surpresa por só estar aprendendo essa palavra agora. Ela é a minha cara! É o que tento fazer todos os dias para Lidar Com essa situação difícil chamada vida." 

Caitlin é uma menina de dez anos que tem síndrome de Asperger e está passando por uma fase muito ruim, pois seu irmão Devon, foi morto em um massacre violento em sua escola. Seu pai está totalmente deprimido e a sua vida muda completamente. Como lidar com essa dor? Com a ausência do seu melhor amigo? E mais importante... como seguir em frente? Ou melhor, como conseguir um desfecho. 

Tendo que visitar a psicóloga da escola todas as semanas, Caitlin começa a entender que precisa se socializar mais. Com a ajuda da Sra. Brook, ela consegue seu primeiro amigo... Michael, um garotinho quatro anos mais novo que Caitlin e que perdeu a mãe no massacre. É também com a Sra. Brook que aprende a palavra desfecho e seu significado, determinada a conseguir um para seu pai e para si mesma. Um livro cheio de sentimentos que fará com que todos se emocionem. 

Passarinha foi uma leitura ótima para mim. Como o livro é narrado por Caitlin, tudo é pela visão de uma menina com síndrome de Asperger, o que o torna mais interessante, pois pude conhecer muito sobre seu comportamento. Todos os personagens são cativantes e todos possuem seus dramas (o livro é bem sentimental) e o mais legal é acompanhar a trajetória de cada um com seu desfecho

"Acho que não vou gostar nada disso. Acho que vai doer. Mas talvez depois da dor eu consiga fazer uma coisa boa e forte e bonita de tudo isso."

Um livro intenso, delicado e emocionante. Uma leitura que recomendo para todos, com certeza. Não posso deixar de parabenizar a editora que fez um trabalho incrível com a obra.


Livros #131 - Se alguma vez...

Título: Se alguma vez...
Editora: Galera Record
Autor: Meg Rosoff
Nº de páginas: 256
Sinopse: Um encontro com a morte transforma a vida de David Case. Convencido de que o destino não lhe reserva nada de bom, David decide se reinventar e tornar-se, assim, irreconhecível para o destino e salvar-se de seu sofrimento certo. Ele passa a ser Justin Case, com uma aparência totalmente nova e uma paixão crescente pela sedutora Agnes Bee. Com seu galgo cinzento imaginário a reboque, Justin luta para manter sua nova imagem e, acima de tudo, sobreviver em um mundo onde as reviravoltas do destino o aguardam em cada esquina.






O segundo romance de Meg Rosoff, Se alguma vez..., apresenta a história  de David Case em uma jornada que é tão filosófica quanto louca. E enquanto o personagem passa a tentar sobreviver e ao mesmo tempo conhecer a si próprio e se acostumar com seus novos sentimentos, dúvidas e a sua recém descoberta sexual o leitor é apresentado a vários outros personagens que são no mínimo diferentes dos convencionais, assim como o romance. Para ser mais preciso, toda a narrativa possui um toma diferenciado e único que se mantém até o final da história.

David, aos 15 anos, entra em um verdadeiro desespero psicológico após seu irmão de apenas um ano quase pular da janela de seu quarto. A partir deste momento ele começa a pensar em todos o "e se..." que estão na borda de acontecer. Em todos os desastres que estão esperando apenas pelo momento certo para arruinar toda a sua vida. Com medo do destino e de tudo o que está reservado para ele David decide que ele tem que fugir de alguma forma e e neste momento que Justin nasce.

Assim que David tornou-se Justin toda uma nova pessoa teria que nascer e assim ocorreu. Ao tentar mudar sua aparência ele conhece Agnes uma garota extravagante em todos os sentidos, que adora moda e vê neste adolescente mais novo que ela uma interessante oportunidade para ser seu modelo experimental (algo bem egoísta, o que já diz muito sobre ela). Esta nova pessoa, entretanto, não foi facilmente aceita pelos outros e aí começou a sua nova realidade, na qual havia não só as novas relações como também as novas coisas que, com raras exceções, apenas ele pode ver e entender, como seu cachorro, um galgo cinza chamado Garoto, ou aquelas que só aumentam sua paranoia.

"Já era ruim o bastante que David Case tivesse chegado à escola vestido de manira tão peculiar. Mas além disso ter mudado de nome? As tensões do primeiro dia se dissolveram em risadinhas tímidas que se espalharam no sentido horário pela sala, adquirindo velocidade até os colegas de Justin estarem engasgando e então chorando de rir, as lágrimas rolando por seus rostos."

O irmão de Justin, Charlie, é uma garoto tão interessante quanto já que com apenas um ano mostra uma inteligência e perspicácia singulares assim como um carinho e preocupação por seu irmão que são realmente infantis. Há ainda  Peter, o único que além de entender aprecia cada pensamento e sentimento do protagonista e torna-se verdadeiramente seu amigo e Dorothea, a irmã de 11 anos de Peter que também demonstra uma personalidade única e que parece compreender Justin melhor do que ninguém. Já os adultos da história são completamente alienado e despidos de qualquer interesse real pelas questões que estão em debate.

Meg Rosoff consegue de forma peculiar e muito inteligente criar uma atmosfera única para os seus personagens. Um mundo tão deles no qual aquilo que se conhece por realidade se mistura tão harmoniosamente com o anormal, com a loucura. Um cachorro imaginário, a constante presença do destino e de seres que deveriam ser inanimados mas que reagem e influenciam muito com os acontecimentos da narrativa só fazem com que esta linha entre o real e o imaginário se torne ainda mais turva e mais fascinante de ser cruzada.

"O fato de a realidade dele [Justin] abrigar um cachorro invisível e a presença ocasional da voz da ruína parecia menos importante do que sua capacidade de dormir à noite, levantar de manhã e interagir significativamente com outros seres humanos durante o dia."

A narrativa em si também é algo muito interessante de ser observado na obra. A narração ocorre com a constante presença do "destino" e até mesmo com o seu discurso direto se intercalando entre os capítulos. A narração principal em terceira pessoa também trazia uma peculiaridade: o narrador parecia se dirigir diretamente ao leitor, como em uma conversa. Esta escolha da autora fez com que todo o livro assumisse um aspecto intimista e com que o leitor pudesse se identificar e se ver em cada momento, pensamento ou dúvida durante a história.

Se alguma vez... presenteia o leitor com uma história ao mesmo tempo leve e profunda, divertida e depressiva, que consegue fazer com que a jornada de um adolescente confuso se transforme em uma  verdadeira reflexão sobre os fatos da vida, sobre o que é ou não viver e o que está realmente em nosso poder ou não. Uma história sobre o destino, a sorte e a vida contada de uma forma fascinante e que prende o leitor a cada palavra. Vale muito a pena conferir.

"Pobre e impotente David, segurando-se com força à sua vidinha atrofiada. Podia ser quase divertido. Quase. Você. Chegue mais perto. Deixe-me sussurrar em seu ouvido, O seu amigo, o seu personagem, o seu David é um tolo. Um idiota. Um ratinho branco com um focinho trêmulo cor-de-rosa. Estou com a minha pata em seu  rabo."