Livros #113 - Convergente


Título: Convergente
Editora: Rocco
Autor: Veronica Roth
Nº de páginas: 528
Sinopse: A sociedade baseada em facções, na qual Tris Prior acreditara um dia, desmoronou – destruída pela violência e por disputas de poder, marcada pela perda e pela traição. No poderoso desfecho da trilogia Divergente, de Veronica Roth, a jovem será posta diante de novos desafios e mais uma vez obrigada a fazer escolhas que exigem coragem, fidelidade, sacrifício e amor. A série segue no topo na lista de bestsellers do The New York Times.



O terceiro e último livro da série de Veronica Roth, Convergente, traz uma nova faceta ao universo distópico de Tris e Tobias, pois finalmente é revelado o que há do outro lado da cerca que separa Chicago do resto do mundo. Também há uma mudança no foco narrativo escolhido por Roth para a trama, continua-se a explorar os acontecimentos através da primeira pessoa, mas agora tem-se tanto o ponto de vista de Tris quanto o de Tobias, intercalando-se entre capítulos.

Logo no fim de Insurgente pode-se ter uma noção da nova realidade que Tris Prior terá que enfrentar. Com Evelyn Johnson no poder os sem-facção comandam a cidade e tudo entra em um clima de desespero político-social. E não tem como não reparar na ironia: a cidade saiu de uma ditadura de facções ara entrar em uma ditadura dos sem-facção, em que a liberdade é pregada desde que esta seja pré-aprovada e beneficie o novo governo.

Com este cenário não demora pra surgir um movimento revolucionário (como não poderia deixar de ser em um livro da série Divergente), os Leais. Liderados pela líder da antiga facção da Amizade, Johanna Reyes, e pela irmã de Will, Cara, os Leais querem restabelecer o sistema de facções e seguir os passos de seus ancestrais. E é à eles que Tris, Tobias e companhia (Uriah, Christina, Zeke, Caleb, Peter e Tori) se juntam e a missão do grupo é ir para fora dos limites da cidade e descobrir o que mais há no mundo.

A partir deste ponto, a narrativa começa a responder as dúvidas dos personagens e dos leitores que vêm se acumulando desde Divergente. E tudo através do Departamento, o último resquício do antigo governo dos Estados Unidos. O Departamento lembra de muitas formas a antiga facão da Erudição e seu líder, David, tem a mesma áurea austera e suspeita de Jeanine Matthews. E é exatamente através deles que a verdade sobre o passado é revelada: buscando um ideal social, político e humano o antigo governo norte-americano iniciou experimentos genéticos com a população. Após passar pelos experimentos as pessoas ganhavam qualidades admiráveis mas perdiam outras que eram essenciais, como, por exemplo, quem ganhava a franqueza ou a inteligência  perdia a compaixão. Os genes foram considerados, então, danificados. Foi essa realidade que, mais tarde, gerou o experimento de Chicago, do qual Tris e companhia originam-se.

É isso o que o Departamento, e provavelmente todo o governo, está fazendo: condicionando as pessoas a serem felizes sob o seu controle.

Mais uma vez Veronica Roth consegue criar uma narrativa que evolui gradativamente e envolve o leitor em discussões nada simples sobre o que é certo ou errado dentro de uma sociedade, seja em nível grupal ou pessoal. E durante todo o livro vemos a reflexão do que é segregar as pessoas de uma forma tão cruel e o que o preconceito gera. Até onde uma pessoa está disposta a ir para se salvar ou se sentir seguro e confortável em sua realidade? O que exatamente define uma pessoa? E do que é aceitável abrir mão? Roth consegue abrir estas discussões durante a narrativa de uma forma muito natural e realmente humana o que faz com que seja fácil para o leitor compreender os dilemas dos personagens.

Existe maldade dentro de todos nós, e que o primeiro passo para amar alguém é reconhecer essa maldade em nós mesmos, para que possamos perdoar as pessoas.

Às vezes, a única coisa necessária para salvar pessoas de um destino terrível é que alguém esteja disposto a fazer algo a respeito.

Outro ponto muito positivo são os próprios personagens, e não só aqueles que são comuns desde o primeiro livro como também os novos que foram inseridos durante Convergente. É incrível como nenhum deles é preto no branco, todos possuem diferentes facetas e de repente um personagem que tinha tudo para ser odiado acaba recebendo a empatia do leitor por suas emoções serem tão humanas e suas várias facetas fazerem parte daquilo que afeta a todos e que, consequentemente, faz parte de todos.

Talvez esse seja o ponto mais positivo que pode-se encontrar em relação a toda a obra de Divergente: por mais que tudo seja ficção em sua essência esta se aproxima tanto da realidade e dos conflitos que a complexa entidade que é chamada de sociedade representa que é quase de forma natural que a distopia passa a ser algo muito maior do que apenas um livro, mas sim um verdadeiro retrato da natureza humana em todas os seus aspectos. Veronica consegue fazer isso e é de uma forma tão sutil em alguns pontos que quem está lendo não percebe, mas fica a cada palavra mais ávido pela história, mais intrigado e animado.

A nossa capacidade de conhecer a nós mesmo e o mundo é o que nos torna humanos.

É dessa forma que a trilogia chega ao final, que gerou opiniões tão controvérsias dentro deste mundo literário. Mas como tudo na vida não há apenas uma verdade, e não seria diferente aqui. Há duas formas de se encarar o final de Convergente e a mais certa, a meu ver, é como se encaixa perfeitamente no estilo ao mesmo tempo realístico e distópico de toda a série. É neste momento que vemos como, de vez em quando, as coisas acontecem exatamente como elas devem acontecer e vida continua fluindo, como não poderia deixar de ser.

Aí está um série que vale a pena ser lida e que é apaixonante de uma forma única e despretensiosa. Cheia de personagens maravilhosos e com um enredo de uma nova e desafiante realidade que é bem construído e ainda com um fundo crítico-social muito interessante. Com certeza, uma ótima leitura.

Às vezes, coragem significa abrir mão da sua vida por algo maior do que você ou por outra pessoa. Às vezes significa abrir mão de tudo o que você conhece, ou de todos os que você jamais amou, por algo maior. Mas, às vezes, não. Às vezes, significa apenas encara a sua dor e o trabalho árduo do dia a dia e caminhar devagar em direção a uma vida melhor.

Vou falar uma última vez: sejam corajosos. 

     

13 comentários:

  1. Gabby, ainda não li nenhum livro da trilogia. Meu filho leu todos e adorou. Tbm não vi o filme, pq quero ler os livros e não quero ser influenciada, rs.
    Bjos!
    http://seiqueeusei.blogspot.com.br/

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  2. Oi Gabby!

    Não posso ler essa resenha sem chorar! kkkkkk é, eu sei, bobo, mas é verdade....
    Adorei a série e confesso que leria de novo, mas não sou fã do final... rsrsrsrs

    bjo bjo^^

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  3. Essa, com certeza, foi a melhor resenha que eu já li de Convergente! Eu amo essa trilogia demais e chorei muito com o final, fiquei indignada porque perdia um dos meus personagens favoritos do mundo literário, mas eu compreendi totalmente o motivo de acontecer. Eu concordo com você, cabia totalmente no mundo distópico da Verônica. É por isso que amo distopias, elas não são instrumentos literários apenas, são meios de criticar uma realidade, nossa sociedade. Mostram nossas escolhas, certas ou não, numa perspectiva diferente, em que prova para nós, que nossas ações determinam sim, o futuro de todos. Me emocionei lembrando do livro!
    Beijos!

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  4. Ah! Adorei a resenha. Ainda não li nenhum dos livros, mas com certeza pretendo ler! <3

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  5. Não li nenhum dos livros, mas a minha amiga já leu todos e ama de paixão (até fui com ela assistir no cinema)! Já tive muita vontade de ler, mas acabei pegando spoiler na internet e isso acabou me desestimulando a ler a trilogia... :(
    Adorei a resenha!!!
    Beijoss

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  6. Já li a trilogia e amei. Mas me deu muita raiva também, o que aconteceu me deixou mega triste, apesar de ter amado cada personagem. Uma das melhores trilogias que já li.
    http://leit0res.blogspot.com.br/

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  7. eu nao vejoo a hora de termina essa serie , estou tipo louca pra ler os outros 2 ultimos , e ver resenha só acaba comigo , tenho tanto livro pra ler , que ate me confunde , mas convergente , literalmente vai ser proximo livro que eu vou ler , só pra acabar com a ccuriosidade

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  8. Não li nem vi o livro da série mais ansiosa para comprar ou quem sabe ganhar essa trilogia. :)

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  9. Oláaaa ainda não li o ultimo livro! mas sei muito spoilers =/ então não li toda a resenha, mas definitivamente Divergente foi minha melhor leitura de 2013, o filme pode ter ficado meio inferior, mas mesmo assim amei!

    Espero ler Convergente em breve!

    Beijos Joi Cardoso
    Estante Diagonal

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  10. simplesmente amei, chorrei horrores, mas amei

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  11. Nunca li, mas já vi o filme que saiu divergente, tenho uma colega que adora, e foi louca de comprar apenas um livro por 50 tila, sendo que a trilogia tá 56 no sub :\, mas ela tava apressada para ler então acho que conta né.
    Os jovens adoram a trilogia, e ouço muitos elogios da trilogia.
    Beijos

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  12. Já li a série e já vi o filme, não me assustei com o final, coisas inesperadas tem que acontecer nem tudo é perfeito o mundo é assim mesmo.Agora vou comprar Quatro acho legal saber por outra ótica.

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