Livros #61 - Adeus à Inocência

Título: Adeus à Inocência

Editora: Novo Conceito

Autor: Drusilla Campbell

Número de páginas: 272

Sinopse: Madora tinha 17 anos quando Willis a “;resgatou”;. Distante da família e dos amigos, eles fugiram juntos e, por cinco anos, viveram sozinhos, em quase total isolamento, no meio do deserto da Califórnia. Até que ele sequestrou e aprisionou uma adolescente, não muito diferente do que Madora mesmo era, há alguns anos... Então, quando todas as crenças e esperanças de Madora pareciam sem sentido — e o pavor de estar vivendo ao lado de um maníaco começava a fazê-la acordar —, Django, um garoto solitário, que não tinha mais nada a perder depois da morte trágica de seus pais, entrou em sua vida para trazê-la de volta à realidade. Quem sabe, juntos, Django, Madora e seu cachorro Foo consigam vislumbrar alguma cor por trás do vasto deserto que ajudou a apagar suas vidas?

Drusilla Campbell é autora de 16 romances e vencedora dos prêmios Theodor S. Geisel – Best of the Best e Best Contemporary Fiction de San Diego. Nascida na Austrália, hoje vive em San Diego, na Califórnia, com o marido, dois cachorros resgatados e três cavalos.

Falando da parte gráfica do livro, a obra apresenta uma capa condizente com o enredo, simples, mas bonita. Tipografia legível e sem erros ortográficos alarmantes. Páginas amarelas, como de costume da Editora Novo Conceito, que fazem uma leitura mais prazerosa.

Adeus à Inocência apresenta Madora, uma garota que após a morte de seu pai, se sentiu solitária e acabou mudando seu comportamento, andando com pessoas erradas, atitudes que a levavam para a escuridão, como o consumo de drogas. Certa noite, Willis, aparentando ser um anjo da guarda, resgatou Madora desse mundo e prometeu mudanças, amor e uma vida melhor se ela ficasse ao seu lado. Anos depois, Madora e Willis moram juntos, porém nada é como Madora imaginava que seria, tendo como único amigo Foo, seu cachorro. Sua visão de anjo soberano que tinha de Willis muda após o rapaz trazer para casa uma garota grávida moradora de rua, Linda, e trancá-la no trailer de seu quintal, alegando querer apenas ajudá-la.

"Você é como um pequeno fantoche, não é, Madora, fazendo tudo o que Willis quer que você faça?"

Paralelamente, temos Django, uma garoto que após perder os pais em um acidente de carro se sente confuso, sozinho... porém ao contrário de Madora, Django não busca nos problemas, nas drogas e em más pessoas as respostas para a sua solidão, ele apenas vive um dia de cada vez. Morando com sua tia, Robin em uma casa nova, escola nova, vida nova... o destino faz com que o caminho de Django cruze com o de Madora, e juntos, irão descobrir muito de si mesmos. 

Em respeito das personalidades de cada personagem, Madora é extremamente calma e desligada do mundo real. Vive apenas com a visão de mundo que Willis fornece, na verdade, sua vida é centrada em Willis. Sem amigos, sem sair de casa e servindo como uma empregada, Madora não vê defeitos em seu parceiro, por mais que o mesmo lhe trate mal. 

"Pobre infeliz. Madora sabia o que significava ser jovem e perdida, com medo de tudo e fingindo nada temer."

Já Willis, teve uma infância sofrida e sempre teve o desejo de salvar as garotas perdidas. Faz isso de uma maneira completamente distorcida, porém acredita ser um homem maravilhoso e não vê nada de errado com seus métodos. Linda, apesar dos vários problemas psicológicos e sofrimentos, possui uma personalidade difícil. É má educada, sem noções de higiene, e entre vários outros hábitos que adquiriu nas ruas. 

Django é uma criança inteligente, corajoso e batalha por seus desejos. Não deixa o fato de seus pais terem morrido afetar sua integridade e sua maneira de ver as coisas. Apesar de todo o sofrimento de não ter mais seus pais, ele é capaz de mostrar a Madora a verdadeira felicidade. 

Uma leitura intensa. É assim que eu poderia descrever Adeus à Inocência. Aqueles livros que te fazem pensar nas pessoas ao seu redor e imaginar se estão sofrendo, se são felizes. Um tema muito interessante e que faz o leitor devorar capítulo por capítulo para descobrir o que acontece no final. É uma triste realidade saber quantas garotas acreditam nas promessas e conversas de sociopatas, acreditam que serão protegidas e que estão sendo salvas, mas  acabam sendo reprimidas. 

"Tudo o que Madora sabia do mundo era o que ela vira de detrás de Willis, na ponta dos pés, olhando por cima do ombro dele."

Ao longo da leitura eu ficava completamente irritada com as atitudes de Madora, que sempre abaixava a cabeça para tudo que Willis falava. Não importa se ele ofendia ela (O que sempre ocorria) ou se a menosprezava, Madora muitas vezes até concordava. E eu ficava me perguntando quem aceitaria ser chamada de burra, por exemplo, e aceitaria isso tranquilamente? Estava certa de que isso seria um ponto negativo no livro até eu refletir um pouco. Essa questão é irritante? Sim. Mas é justamente como a personagem foi moldada por Willis, não é um defeito que a escritora colocou na personagem, é algo do interior de Madora. Normalmente nesses casos, a garota fica tão submissa ao sociopata que tudo o que ele fala é verdade, mesmo que seja sobre ela própria. 

Portanto, o que antes me irritou, agora me fez entender mais o enredo e o tema em si. Essas mulheres são apresentadas a um mundo criado pelo sociopata e quando descobrem que nada do que foi dito era real, que pode tomar atitudes por si mesmas, que elas são importantes e que possuem uma vida própria, ficam com medo e confusas. Outro ponto interessante foi como a autora retratou as mudanças de comportamentos de Willis, no começo ela faz o leitor gostar e achar que realmente ele tem ótimas intenções. Trata Madora com carinho quando a conheceu, de forma que a garota se apaixone por ele. Mas depois que ela tenha total confiança e dependência dele, começa a tratá-la rudemente. 

Agora qual o motivo do livro não ganhar nota máxima? O final. Achei que tudo aconteceu rápido demais e o final merecia mais algumas páginas. Eu terminei a leitura imaginando o que iria acontecer com Madora e se ela conseguiria realizar seus sonhos e desejos. É um final que o próprio leitor imagina como seria, mas o problema é que com um tema tão complexo como esse, eu queria a confirmação, as palavras da autora para saber que tudo terminou bem e não somente na minha imaginação. 

Adeus à Inocência é um livro para refletir e pensar melhor nas atitudes que tomamos. Uma leitura intensa e requer uma entrega do leitor, para que o mesmo possa entender todas as questões psicológicas que a autora coloca na obra. Recomendo para todos que gostam de assuntos mais complexos.