Livros #60 - Simplesmente Ana

Título: Simplesmente Ana

Editora: Novo Conceito

Autor: Marina Carvalho

Número de páginas: 304

Sinopse: Imagine que você descobre que seu pai é um rei. Isso mesmo, um rei de verdade em um país no sudeste da Europa. E o rei quer levá-la com ele para assumir seu verdadeiro lugar de herdeira e futura rainha… Foi o que aconteceu com Ana. Pega de surpresa pela informação de sua origem real, Ana agora vai ter que decidir entre ficar no Brasil ou mudar-se para Krósvia e viver em um país distante tendo como companhia somente o pai, os criados e o insuportável Alex. Mudar-se para Krósvia pode ser tentador — deve ser ótimo viver em um lugar como aquele e, quem sabe, vir a tornar-se rainha —, mas ela sabe que não pode contar com o pai o tempo todo, afinal ele é um rei bastante ocupado. E sabe também que Alex, o rapaz que é praticamente seu tutor em Krósvia, não fará nenhuma gentileza para que ela se sinta melhor naquele país estrangeiro. A não ser… A não ser que Alex não seja esta pessoa tão irascível e que príncipes encantados existam. Simplesmente Ana é assim: um livro divertido, capaz de nos fazer sonhar, mas que — ao mesmo tempo — nos lembra das provas que temos que passar para chegar à vida adulta.

Marina Carvalho é professora, jornalista e mãe. Passa os dias diante de um objeto plano e retangular, seja o quadro negro da escola onde trabalha ou a tela do computador. Escrever é uma de suas maiores alegrias. Sempre foi uma ávida leitora. Está sempre com um livro debaixo do braço e outro na cabeceira da cama: eles são seus companheiros de todas as horas. Quando criança devorava as revistinhas da Turma da Mônica. Formou-se em Jornalismo pela PUC-Minas e exerceu o cargo de assessora de comunicação. Hoje é professora de Língua Portuguesa e Literatura, não à toa, já que morre de amores pelas palavras. "Simplesmente Ana" é seu livro de estreia.

Assim como todos os livros da Editora Novo Conceito, o acabamento da obra é muito caprichado e voltado ao público específico do livro. Com a tipografia legível e as divisões de capítulos adequadas. Para completar, páginas amarelas que fazem a leitura fluir melhor.

Como o foco do enredo de Simplesmente Ana, temos Ana Carina, 20 anos e estudante de direito. Com uma vida aparentemente normal, vive com sua mãe, Olívia, e nunca conheceu seu pai, que de acordo com as histórias contadas, sumiu quando descobriu que ela estava grávida. Só que toda essa calmaria estava prestes a acabar quando sua mãe, ao aparecer no programa da Ana maria Braga é reconhecida por um homem nem um pouco comum, Andrej, rei da Krósvia. 

"Sem pensar demais, empurrei a porta e entrei. Como já era noite, não se enxergava nada. Tateei a parede em busca do interruptor e não demorei a encontra-lo. Assim que as lâmpadas se acenderam, senti minha boca se escancarar de choque e surpresa. Minha abelhudice me levara a um lugar incrível, do tipo que eu só havia visto na televisão ou em livros. Eu estava na maior e mais bem recheada biblioteca particular do mundo! Bom, pelo menos do meu mundo."

Andrej ao reconhecer Olívia entra em contato com Ana de uma maneira bem curiosa, o Facebook, deixando apenas uma mensagem: "Desculpe, mas acho que sou seu pai."

Após essa revelação, Ana teria que tomar uma difícil decisão: Ir para a Krósvia por um tempo para conhecer mais sobre o meu povo e meu pai, ou ficar no Brasil como se nada tivesse ocorrido. Logicamente a primeira opção foi a mais atrativa para Ana.

Após conversas, despedidas, malas feitas e País novo, Ana começa a descobrir mais sobre si mesma e suas origens. Em Krósvia conhece Alexander, enteado do rei e um rapaz atraente, dedicado, divertido e o sonho de qualquer princesa. Ambos não começam bem e vivem implicando um com o outro, mas como Alexander fica encarregado de mostrar Krósvia para Ana, a convivência começa a mudar os sentimentos. A relação com Andrej começa a evoluir e aos poucos os sentimentos pai/filha aparecem.

Com toda a questão emocional, Ana precisa escolher bem seus caminhos. O que fazer quando seu tempo em Krósvia acabar? Como será a sua vida após descobrir que pertence a realeza? São diversos questionamentos ao decorrer do livro. Ana deverá priorizar as coisas importantes na sua vida e escolher quem ela quer ser.

"Com a cabeça no travesseiro, fiz um balanço da minha vida pós-garota comum. Em poucos meses, deixara minha pacata existência de universitária para morar num castelo, ser apresentada para o mundo inteiro como a única princesa de Krósvia, ser perseguida por paparazzi e ter fotos comprometedoras divulgadas na imprensa. Ah! Também fora entrevistada pelo Fantástico."

O livro possui todos os atributos necessários para se tornar uma leitura apaixonante e fazer parte dos nossos romances favoritos, mas teve muitas coisas que me incomodaram no decorrer da leitura. Um dos pontos que achei um pouco fora da realidade é o fato da família e amigos de Ana, todos, falarem inglês fluentemente. Avó, mãe, amigos... todos. Isso pode acontecer, claro, bem raramente mas pode, mas me incomodou bastante na leitura, pois pareceu que Ana e todos a sua volta eram melhores que todo mundo, pode parecer sem sentido eu comentar isso, mas se uma pessoa de 40 anos lê o livro e se depara com a avó de Ana falando inglês fluentemente e ela não conseguiu sair do básico até hoje, certamente irá se sentir péssima consigo mesma, podendo se sentir até derrotada. 

Outro fato que não gostei foi exatamente a personalidade da nossa protagonista. Com o passar dos capítulos, principalmente depois da chegada em Krósvia, Ana não parecia contente com nada. Tudo era motivo para reclamar, achei extremamente mimada. Se não podia passear, ela reclamava. Ela passava grande parte do seu tempo dentro do castelo (enorme!) sem fazer absolutamente nada (paraíso para nós, relaxar, ler um livro e não ter obrigações por um tempo), mas nem isso a agradava. A maneira como ela trata a namorada de Alexander também chega a ser irritante, por mais chata que seja uma pessoa, dar apelidos e viver fazendo comentários maldosos da pessoa não é legal.

Para completar sua personalidade, se não estava do jeito dela e se ela não tinha o que desejava, ela não gostava. Acreditem, o cúmulo é sair do País por conta de um episódio amoroso e nem pensar em seu Pai. Afinal, Ana foi lá para conhecer mais sobre o País e seu pai, não? E isso foi o que menos aconteceu. Tudo se resumia a Alex, Alex e Alex. 

“Falar de saudade era tão ruim quanto sentir. Mas pior ainda era sentir saudade de alguém que provavelmente não retribuiria esse sentimento. Portanto, quando a falta de Alexander apertasse de meu lado do Atlântico, seria a saudade mais solitária do planeta.”

Porém, Simplesmente Ana é um livro leve e que certamente irá agradar aos fãs de romances e que querem um bom passatempo. A escrita de Marina, apesar do livor não ter me cativado, é doce e capaz de passar todo aquele sentimento de conto de fadas. Se você quer algo calmo para ler, principalmente depois daquela leitura mais complexa, essa obra pode ser o ideal.